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Porque faltou a eletricidade em Portugal e o papel da energia verde

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No dia 28 de abril de 2025, um apagão elétrico sem precedentes deixou milhões de pessoas sem luz em Portugal, Espanha e França. O colapso, iniciado às 12h33, paralisou cidades e serviços essenciais. Neste artigo, explicamos o que provocou a falha e que papel tiveram as energias renováveis neste cenário.

O que aconteceu exatamente e porque foi tão grave?

Às 12h33, deu-se o colapso. Um desligamento não planeado numa infraestrutura crítica interrompeu a normal distribuição de energia elétrica entre o norte e o sul da Península. Este evento causou um desequilíbrio súbito entre geração e consumo, que fez cair a frequência da rede elétrica para fora dos limites operacionais seguros.

Como reação, os sistemas automáticos de proteção — programados para evitar danos maiores — desligaram em cascata várias zonas da rede, afetando milhões de consumidores.

Ao contrário do que alguns chegaram a temer, não houve ataque cibernético nem sabotagem. Também não houve fenómenos meteorológicos extremos. Foi um caso clássico de falha técnica crítica com resposta automática, dentro das regras atuais do sistema elétrico europeu.

Como foi afetado Portugal?

O apagão elétrico que atingiu Portugal a 28 de abril de 2025 começou às 11h33 da manhã, afetando milhões de consumidores em todo o território continental. Cidades como Lisboa, Porto, Braga, Coimbra e Faro enfrentaram cortes totais de energia, com interrupções abruptas em transportes públicos, sinais de trânsito, telecomunicações e infraestruturas críticas.

Durante a tarde, os aeroportos de Lisboa e Porto suspenderam as suas operações. No caso do Aeroporto Humberto Delgado, a paralisação durou mais de nove horas, sendo retomada após as 20h30, segundo a imprensa internacional. Milhares de passageiros foram evacuados ou reencaminhados.

Às 20h45, segundo comunicado da REN, já tinham sido religados cerca de 750 mil consumidores, incluindo zonas do Porto, Coimbra, Viseu e parte do Alentejo. No entanto, a normalização completa só foi confirmada durante a madrugada de 29 de abril, altura em que os 6,4 milhões de clientes voltaram a ter eletricidade.

A REN coordenou o processo de recuperação em articulação com operadores ibéricos e europeus, aplicando um plano faseado de reenergização, priorizando serviços essenciais. O apagão revelou vulnerabilidades da rede em momentos de desequilíbrio súbito, mesmo num sistema avançado como o português.

Que papel desempenharam as energias renováveis nesta situação?

O dia 28 de abril foi marcado por condições meteorológicas ideais para a produção de energia verde: céu limpo e vento consistente em grande parte da Península Ibérica. Isso resultou num nível recorde de geração solar e eólica, o que, à primeira vista, seria uma boa notícia.

Contudo, a falha no sistema aconteceu quando uma linha de transporte de alta tensão no norte de Espanha se desligou subitamente, provocando um desequilíbrio na frequência elétrica da rede ibérica. Este tipo de linha é essencial para manter o equilíbrio entre o que se gera e o que se consome.

Variabilidade e resposta limitada

As energias renováveis, apesar de fundamentais para a transição energética, têm uma característica desafiante: são variáveis e não controláveis em tempo real. Não é possível “aumentar” ou “reduzir” o vento ou o sol de acordo com as necessidades da rede.

Assim, quando se deu a falha na linha de transporte, não foi possível reagir rapidamente para estabilizar o sistema. A falta de armazenamento energético em larga escala, como baterias ou sistemas de bombagem, também contribuiu para essa limitação.

Embora as renováveis não tenham causado o apagão, a sua predominância no sistema dificultou a recuperação. Um sistema elétrico que depende em larga medida de fontes intermitentes precisa de mecanismos de compensação que ainda estão em desenvolvimento ou subdimensionados.
Além disso, dependendo do caso, a instalação pode ser complicada ou mesmo inviável.

Um sistema sustentável também tem de ser estável

O apagão de 28 de abril foi um aviso claro. Mostrou que, por muito que evolua, a rede elétrica precisa de acompanhar a transição energética com infraestrutura e planeamento adequados.

As energias renováveis são cruciais para reduzir as emissões e combater as alterações climáticas. Mas a sua variabilidade exige novos equilíbrios técnicos, que passam por:

  • Investir em armazenamento de energia em larga escala;
  • Melhorar os sistemas de monitorização e resposta automática;
  • Tornar a rede mais flexível e descentralizada;
  • E preparar a sociedade com informação e meios de resposta local.

Se queremos um futuro verdadeiramente sustentável, temos de garantir não só energia limpa, mas também um fornecimento fiável, seguro e preparado para qualquer imprevisto.

Conteúdo atualizado em 26 de fevereiro de 2025.

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